Quais as consequências da pandemia nos encontros amorosos?

Quais as consequências da pandemia nos encontros amorosos?

Em fevereiro de 2020 parte do mundo foi abalado com a notícia de um novo vírus, potencialmente pandémico, vindo de Wuhan, na China. O resto da história é do conhecimento de todos. Em Itália pessoas começam a demonstrar sintomas e é uma questão de dias para que o vírus se espalhe pelo mundo inteiro.

De início, ainda a aguardar informações sobre o novo coronavírus, muitos foram os que acharam que iriam passar algumas semanas em casa, e que logo voltariam às suas rotinas, mas não foi o que aconteceu.

Se para alguns, este último ano teve um desfecho menos feliz, para outros foi uma experiência de superação e foi precisamente esse o caso do mercado online dos brinquedos eróticos, que viu em 2020 o maior crescimento de que há memória.

O isolamento social acabou por se tornar um grande desafio tanto para os casais como para aqueles que procuravam o amor. Para aqueles que se viam todos os dias ou se encontravam apenas aos fins de semana, a pandemia foi e continua a ser, uma grande prova de resistência que parece estar longe de acabar.

Ainda que neste momento as medidas estejam menos restritas, os casais tiveram de enfrentar quem insistiu em os separar e, para isso, tiveram de criar várias estratégias para manter a chama da paixão acesa.

Impossibilitados de conviver, afastados pela distância ou apenas motivados pela necessidade de apimentar a sua relação, muitos foram os que se deixaram seduzir pelos brinquedos sexuais.

A este respeito, Pedro Correia, CEO e Senior Partner da sex shop em Portugal – Vibrolandia, em entrevista à EAN, afirma que em 2020,

“o mercado erótico teve a oportunidade de se reinventar, transitar para o online ou reforçar a sua presença neste canal. As redes sociais adultas aumentaram em número de seguidores e oferta, como o Only Fans e conteúdos pagos semelhantes. Os casais em confinamento tiveram de reacender a chama da sua relação, e tudo isto contribuiu para o mercado erótico se manter ativo.”

Um mercado em expansão

Um relatório do Grand View Research indica que, em 2020, o mercado mundial dos brinquedos eróticos valorizou-se em 33,64 mil milhões de dólares e parece não vir a mostrar sinais de abrandamento dado que, entre 2021 e 2028, o estudo prevê uma taxa de crescimento de 8,04%.

Um surto tecnológico

No caso das plataformas de namoro, o cenário não foi diferente. De acordo com o Dating.co, houve um aumento de 82% no namoro online global em março de 2020, quando as medidas de isolamento entraram em vigor em diversos países.

O levantamento revela que os utilizadores norte-americanos são os que mais dão “match” no mundo, com seis ou mais conversas a acontecer simultaneamente. Tal como a pandemia, esta tendência espalhou-se um pouco por todo o lado, sendo que o Top 5 é constituído pela Índia, Irlanda, Reino Unido e pela Espanha.

A tecnologia foi uma grande aliada dos casais e dos solteiros. No panorama das dating apps, verificou-se um aumento de utilizadores mas não só, segundo Raquel Ribeiro, enquanto o Happn notou um aumento de 18% nas mensagens trocadas pela app, o The Inner Circle teve um crescimento de 15% nos matches e 10% nas mensagens enviadas.

O Tinder revelou que 2020 foi o seu ano mais movimentado e, este ano, os seus beneficiários já bateram dois recordes de utilização entre janeiro e março. Jim Lanzone, CEO da app de encontros, em entrevista à BBC afirma,

“Os dados do aplicativo indicam que o número médio de mensagens enviadas por dia aumentou 19% em comparação com o período anterior à pandemia, e as conversas são 32% mais longas. Metade dos usuários da Geração Z, como são normalmente classificados aqueles nascidos entre 1997 e 2015, teve encontros por conversa de vídeo e um terço fez mais atividades virtuais em conjunto”.

A pandemia, por um lado, aumentou a ansiedade e trouxe o medo para mais perto, no entanto, para muitos casais, a situação propiciou a conexão da relação de uma forma significativa ainda que com muita incerteza, dadas as atuais circunstâncias. No final fica um balanço positivo entre um vírus que insiste em fechar-nos em casa e a nossa procura incessante de conexão humana.